

Narrativa intensa!
A narrativa tem lugar 20 anos no futuro, após uma epidemia derivada de um fungo que dizimou a população mundial, transformando a grande maioria das pessoas em perigosas criaturas infectadas.
Os sobreviventes vivem em zonas de quarentena regidas por milícias militares sob fortes leis marciais, outros formam grupos rebeldes espalhados pelas cidades. Quem se aventura a sair da zona de segurança arrisca-se a ser assassinado a sangue frio por outro humano por mantimentos ou munições, ou então, a encontrar o seu fim devorado pelos Infectados. Mas o risco pode recompensar, pois a comida é racionalizada através de senhas, que servem de moeda de troca.
Neste cenário surge Joel, um contrabandista que recebe um trabalho para entregar Ellie, uma jovem de 14 anos a um acampamento. É exatamente essa viagem que o jogador irá viver, com reviravoltas intensas. The Last of Us inspira-se em filmes como A Estrada, Filhos do Homem, Eu Sou a Lenda, Fora de Controle, e claro, The Walking Dead, principalmente pelas relações ambíguas entre as personagens, num vale tudo para sobreviver…
Ambiente desolador!
A Naughty Dog criou um ambiente de terror, claustrofóbico e desolador para The Last of Us. Durante a viagem de Joel e Ellie irão passar por áreas urbanas em ruínas, localizações conhecidas norte-americanas como Boston ou Pittsburgh, dominadas por zonas de quarentena. Em muitos locais a natureza reclamou os edifícios, num vislumbre entre o belo e o arrepiante. Muitos podem fazer uma comparação com Enslaved: Odissey to the West, e não é por acaso que a Naughty Dog contratou Mark Richard Davies, o designer principal do jogo da Ninja Theory.
Análise - The Last of Us
Por Rui Parreira




APROVADO
- Personagens carismáticos
- Gráficos Arrasadores
- Dublagem Brasileira de qualidade
- Jogabilidade
- Trilha Sonora
REPROVADO
- Inteligência Artificial
- Poucos modos multiplayer
NOTA
10
Instinto de sobrevivência
O jogo permite diferentes abordagens à ação, mas desde cedo o jogador irá aperceber-se que as munições são escassas e que têm de ser poupadas, utilizadas mesmo em situações desesperantes. E isso The Last of Us consegue fazer na perfeição. Eliminar inimigos silenciosamente pelas costas, ou mesmo criar distrações (como arremessar uma garrafa para um lado e fugir para o outro, ao estilo de Splinter Cell) terá de ser considerado. Ao longo da aventura irão recolher itens e matérias-primas como lâminas ou açúcar, que combinados geram kits de primeiros-socorros, cocktails molotov, granadas de pregos ou fumo, entre outros.
Gráficos
The Last of Us é um jogo muito imersivo, e se muito se deve ao ambiente pesado e caótico, a vertente sonora e gráfica completam a obra-prima. As melodias são, em diversas situações, minimalistas, ajudando a criar a tensão e suspense necessária, lembrando filmes como 28 Dias Depois. E foi essa a intenção do talentoso compositor Gustavo Santaolalla – vencedor de Óscares da academia por O Segredo de Brokeback Mountain e Babel – para envolver os jogadores neste mundo decadente. Graficamente o jogo é belíssimo, principalmente quando olhamos o conjunto, a paisagem desoladora. Grande destaque para as animações das personagens, numa das melhores performances de sempre na história da industria de video-games.
Multiplayer
Os dois modos disponíveis chamam-se Supply Raid e Survivors, previstos para o máximo de oito jogadores, divididos em duas equipes. No primeiro, cada equipe tem um limite de 20 vidas, e esgotando-se estas, a partida transforma-se numa espécie de Sudden Death, até sobrar uma equipe. Em termos práticos, este modo funciona como um habitual Team Deathmatch, semelhante a Uncharted, substituindo a procura de tesouros por caixas de suprimentos. O segundo modo, Survivors não é muito diferente, tendo a diferença de não haver respawns e as equipes disputam a melhor de sete rodadas, ditando a vencedora aquela que vencer quatro vezes.
O jogo decorre em mapas adaptados de certos locais da campanha, mas em termos práticos a ação é bastante genérica. Ao contrário da narrativa as munições abundam (embora não tanto como é habitual) e podem fabricar e utilizar os itens construídos, como os cocktails molotov, granadas de fumo ou kits de primeiros socorros. Podem tentar uma abordagem furtiva, tentando não disparar sem necessidade, para não serem assinalados no mapa, e aproximar por trás para finalizações instantâneas. O sistema de escuta, que permite ouvir os inimigos atrás das paredes funciona, mas para isso precisam ficar totalmente quietos.
Personagens memoráveis!
Ao longo da sua carreira, a Naughty Dog criou uma galeria de personagens memoráveis onde se incluem Nathan Drake, Crash Bandicoot, Jak e Dexter. Joel e Ellie juntam-se a esse panteão, revelando uma humanidade impressionante, fazendo os jogadores torcerem por eles ao longo da aventura.
Ainda que seja um anti-herói, o amargurado Joel acaba por revelar o seu lado paternal, não sendo difícil identificar-nos com ele. Muito deve-se ao ator que lhe dá corpo e voz, Troy Baker, um dos mais experientes e reputados artistas da indústria.
E a jovem de 14 anos, apesar da fragilidade e inocência típica da idade, rapidamente revela os seus atributos: esperta, inteligente, e sobretudo ciente do que se passa neste mundo.

REPROVADO
Otimização
Ainda que no geral não seja um problema, existem locais onde a imagem se arrasta, principalmente em cenários mais coloridos, e com elementos de profundidade. Isto nos faz pensar que talvez The Last of Us seja grandioso demais até mesmo para o potente hardware do PS3, mas ainda que no Console Next-Gen da Sony ele ficasse plenamente magnifico em termos visuais, o jogo não faz feio no Playstation 3 e certamente será lembrado no console pela sua qualidade visual.
Inteligência artificial
O badalado sistema de inteligência artificial, em que os inimigos reagem de acordo com a postura do jogador funciona. Estes criam emboscadas e sabem quando ficam sem munições. O problema da IA vai mesmo para o compromisso entre a liberdade que os companheiros do protagonista se movem, não sendo necessário andar constantemente a protege-los e a sua detecção de alarme. Isto significa que por exemplo, Ellie não alarme um inimigo em situações furtivas, mesmo quando passe à frente do nariz. O jogo trata os companheiros com neutralidade, não deixando de ser estranho e de assinalar.
Últimas impressões
Considerando a qualidade da aventura, o desempenho das personagens, e um tema adulto tão forte e humano como a sobrevivência, The Last of Us é claramente um dos antecipados candidatos a jogo do ano. É um título obrigatório para os fãs do gênero, e mais uma prova do talento da Naughty Dog, que demostra a sua versatilidade, sobretudo uma capacidade de contar histórias. São cerca de 16 horas repletas de emoções, sustos, tensão, mas também de humor…Imperdível!
Para mais novidades do mundo dos games continuem ligados no EG! Boa Jogatina.